Campus conquista primeira carta-patente
O Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus São Luís-Monte Castelo teve sua primeira carta-patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A tecnologia intitulada “Prensa Isostática e Bancada Móvel para Prensa Isostática”, utilizada para a compactação de materiais em laboratório, foi desenvolvida pelos professores José Manuel Rivas Mercury (já falecido) e Washington Luís França Santos e pela ex-aluna Jéssica Santos Martins. Este é o segundo invento do IFMA a conquistar carta-patente. O primeiro foi o “Filme biodegradável à base de banana e galactomanana extraída de sementes de Adenanthera pavonina”, do Campus Imperatriz do IFMA em cotitulidade com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Protótipo de patente da prensa isostática produzida pelo IFMA Campus São Luís-Monte Castelo.
A Prensa Isostática do Campus São Luís-Monte Castelo tem a finalidade de compactar amostras em pó para obter elevadas densidades e boa distribuição da pressão no compacto prensado, de forma eficiente e de fácil operação, permitindo o uso em laboratórios, em que normalmente apenas uma quantidade pequena de amostras é prensada por vez. É um sistema simples e bem compacto, com uma prensa isostática para uso laboratorial e uma bancada móvel para fixar essa prensa, diferente dos grandes equipamentos destinados ao uso industrial, desenvolvidos para grande quantidade de material a ser comprimido de uma vez.
A patente, Nº BR 102015031419-1, foi depositada no dia 15 de dezembro de 2015, publicada no dia 20 de junho de 2017 e expedida no dia 28 de fevereiro deste ano, com um prazo de validade de 20 anos, contados a partir da data do depósito. O projeto teve início em 2014, com a participação da então aluna Jéssica Santos Martins. De acordo com os inventores, o processo de patente foi iniciado por meio da Oficina de Patente realizada em convênio com o INPI no campus ainda em 2015.
Homenagem

José Manuel Rivas Mercury
Um dos inventores da prensa, o professor José Manuel Rivas Mercury faleceu no dia 6 de agosto de 2019, em São Paulo. Nascido na Venezuela, Rivas foi professor titular do Departamento de Química do IFMA Campus São Luís-Monte Castelo. Fez Pós-Doutorado em Mineralogia Aplicada no instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA)em 2010, Doutorado em Química pela Universidade Autônoma de Madri em 2004, Mestrado em Engenharia Química pela UFPA e Especialização em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos em 1992. Era graduado em Engenharia Química pela UFPA (1987). Curioso como todo pesquisador, e mesmo com uma extensa formação nas áreas de Química e Engenharia de Materiais, também enveredou por pesquisas na área de Engenharia Mecânica. Um destes projetos foi a prensa isostática e a bancada móvel para prensa isostática, que rendeu a patente ao IFMA. A invenção foi desenvolvida durante sua orientação no Curso de Mestrado de Engenharia de Materiais do IFMA aos então alunos Jéssica Santos Martins e Washington Luís França Santos, também professor da instituição, dos cursos de Ensino Técnico em Design e Superior em Engenharia Civil.

Washington Luís França Santos
Washington Luís França Santos relembrou o trabalho do professor Rivas como seu orientador do mestrado e na idealização da prensa isostática, com a pesquisadora Jéssica Santos Martins. “O recebimento desta carta-patente tem um significado muito grande em homenagem ao professor Rivas. Foi meu orientador no mestrado e um exemplo em minha carreira no IFMA. Era um pesquisador muito dedicado, que trabalhava muito em prol da instituição. Trabalhamos por muitos meses, fins de semana. A hora que fosse ele estava sempre dedicado a essa e outras pesquisas. Íamos à casa dele, escrevemos artigos conjuntamente”, descreveu.
O professor Washington Luís França Santos também destaca as vantagens tecnológicas da prensa e explica como ela foi concebida. “Existe um modelo de prensa mais comum, que você coloca um material e a pressão é feita por meio de um equipamento que não gera uma força igual em toda a superfície, gerando um compacto não uniforme. Já na prensa isostática desenvolvida no IFMA, a pressão é feita por meio de um líquido, gerando um material compactado uniforme em todas as direções. Essa é a grande vantagem desse tipo de prensa que utiliza líquido e, no caso mais específico do projeto do IFMA, desenvolvemos uma prensa isostática de fácil manuseio e custo para laboratórios, para pequenas quantidades. A grande vantagem foi um fecho, um trevo de quatro abas, que possibilita com facilidade retirar e trocar as amostras. As outras prensas não têm essa possibilidade e são mais onerosas”, explicou.
Já a egressa Jéssica Nunes lembra que o projeto envolveu muitas análises de elementos finitos e desenhos 3D para chegar ao design que hoje é patenteado. Esse trabalho foi tema da sua monografia – na época ela chegou a fazer treinamentos na Universidade Federal de Uberlândia com apoio financeiro do IFMA. “Foi uma oportunidade única para mim”, avaliou.
Depois da graduação, ela fez mestrado no ITA e atualmente é professora na Universidade do Alabama (EUA), onde também faz doutorado em Engenharia Aeronáutica. “É uma honra ter trabalhado nesse projeto, e saber que meu projeto de graduação teve qualidade para gerar essa inovação tecnológica. Mesmo o professor Rivas não estando mais entre nós, sei que ele estaria muito orgulho dos frutos dos nossos trabalhos”, comemorou.
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